Opinião

Marina da Horta: Tradição, Desafios e Oportunidades para o Futuro

Entre tradição e modernidade, a marina da Horta enfrenta um dilema: manter-se como um dos portos mais icónicos do Atlântico ou arriscar perder protagonismo por falta de investimento e inovação.

Inaugurada em 1986, a marina rapidamente se tornou um local de encontro para navegadores de diferentes nacionalidades. Uma das suas caraterísticas mais marcantes é a tradição de pintar murais e desenhos nos molhes e cais.

Segundo a crença dos marinheiros, deixar uma pintura na marina da Horta traz boa sorte para o resto da viagem. Como resultado, as paredes da marina estão repletas de coloridas mensagens e ilustrações, tornando-se uma verdadeira galeria a céu aberto.

O fluxo constante de iates, veleiros e cruzeiros gera receitas significativas para o comércio local e setores como a hotelaria, a restauração, os transportes e os serviços de manutenção naval beneficiam diretamente do turismo náutico.

No entanto, a marina, apesar da sua importância estratégica, tem uma capacidade limitada e a grande afluência de veleiros tem causado, frequentemente, falta de lugares de amarração. Muitas embarcações são forçadas a ancorar ao largo ou a esperar por vagas, o que pode ser um inconveniente para os navegadores, especialmente aqueles que precisam de assistência técnica ou reabastecimento imediato.

Anualmente, temos dezenas de veleiros e iates a divergirem para outros portos pela falta de espaço, pelo que, importa ampliarmos a lotação desta importante infraestrutura, sob pena de continuarmos a perder visitantes ano após ano.

Torna-se, igualmente, fundamental melhorar as condições de estacionamento em terra para as embarcações, inclusive para a execução de pequenas reparações. Uma oportunidade de negócio que temos vindo a adiar com a impossibilidade de invernagem de embarcações.

A invernagem das embarcações poderia vir a desempenhar um papel crucial na economia local, onde a atividade náutica é uma importante fonte de rendimento. Esse processo impulsiona o setor de manutenção e reparação naval, gerando trabalho para estaleiros, mecânicos e fornecedores de equipamentos.

Além disso, contribuiria para a redução da sazonalidade do turismo, uma vez que, muitos navegadores permanecem no local durante a invernagem. Desta forma, a invernagem não só dinamizaria a economia do Faial, como também reforçaria a posição da Horta como um ponto estratégico para navegadores no Atlântico.

Recentemente, a candidata do PS Faial à Câmara da Horta, Inês Sá, visitou o presumível parque de invernagem, localizado junto ao Campo da Doca, constatando que, três anos após o anúncio feito pelo Presidente da Câmara Municipal da Horta e pela Portos dos Açores, aquele espaço continua sem reunir as condições essenciais para o seu propósito, estando totalmente ao abandono. O Largo Manuel de Arriaga continua a ser o único local para a manutenção e reparação de embarcações em Doca Seca, contrariando aquilo que foi garantido pelo nosso atual Edil, face a eventuais compromissos assumidos com o Governo Regional.

Apesar de tudo isto, a marina da Horta continua a ser um dos portos náuticos mais importantes do Atlântico e um local privilegiado para visitação turística na ilha do Faial, sendo, a sua capacidade de adaptação às novas necessidades, essencial para garantir a sua sustentabilidade a longo prazo.